Antes de escrever o código HTML necessário para um formulário, devemos decidir quais tipos de dados esperamos dos usuários e a quais regras eles devem estar de acordo. Uma classe de modelo pode ser utilizada para registrar essas informações. Um modelo, como descrito em Modelo, é o lugar central para manter as entradas fornecidas pelo usuário e validá-las.
Dependendo da forma como utilizamos as entradas dos usuários, podemos criar dois tipos de modelo. Se os dados são coletados, utilizados e, então, descartados, devemos criar um modelo de formulário (form model); porém, se a entrada do usuário deve ser coletada e armazenada em uma base de dados, devemos utilizar um active record. Ambos os tipos de modelo compartilham CModel como classe base, onde está definida uma interface comum necessária a formulários.
Nota: Nós utilizaremos modelos de formulários nos exemplos desta seção. Entretanto, o mesmo pode ser aplicado para modelos utilizando active record.
No trecho de código abaixo, criamos uma classe de modelo chamada LoginForm
que será utilizada para coletar os dados informados pelo usuário em uma página
de login. Como essa informação é utilizada somente para autenticar o usuário e
não necessita ser armazenada, criaremos a classe LoginForm
como um modelo de
formulário.
class LoginForm extends CFormModel
{
public $username;
public $password;
public $rememberMe=false;
}
Foram declarados três atributos na classe LoginForm
: $username
, $password
,
e $rememberMe
. Eles são utilizados para manter o nome de usuário e senha
informados no formulário, bem como a opção se ele deseja que o sistema se lembre
de seu login. Como a valor padrão de $rememberMe
é false
, a opção
correspondente no formulário de login estará, inicialmente, desmarcada.
Informação: Em vez de chamarmos essas variáveis membro de propriedades, utilizamos o termo atributos para diferenciá-las de propriedades normais. Um atributo é uma propriedade utilizada, basicamente, para armazenar dados originados de entradas de usuários ou do banco de dados.
Uma vez que o usuário envia seus dados e o modelo é preenchido com eles,
devemos garantir que essas informações sejam validadas antes de serem utilizadas.
Para isso, utilizamos um conjunto de regras que são testadas contra os dados
informados. Para especificar essas regras de validação, utilizamos o método rules()
,
que deve retornar um vetor contendo as configurações de regras.
class LoginForm extends CFormModel
{
public $username;
public $password;
public $rememberMe=false;
private $_identity;
public function rules()
{
return array(
array('username, password', 'required'),
array('rememberMe', 'boolean'),
array('password', 'authenticate'),
);
}
public function authenticate($attribute,$params)
{
$this->_identity=new UserIdentity($this->username,$this->password);
if(!$this->_identity->authenticate())
$this->addError('password','Incorrect username or password.');
}
}
No código acima, especificamos que username
e password
são obrigatórios (required).
Além disso, definimos que password
deve ser autenticado (authenticate) e
rememberMe
deve aceitar apenas valores booleanos (boolean).
Cada regra retornada pelo método rules()
deve estar no seguinte formato:
array('ListaDeAtributos', 'Validador', 'on'=>'ListaDeCenarios', ...opções adicionais)
Onde, ListaDeAtributos
é uma string contendo todos os atributos, separados por vírgula,
que devem ser validados de acordo com a regra; Validador
determina que tipo de validação
deverá ser efetuada; o parâmetro on
é opcional e é utilizado para especificar uma
lista de cenários onde a regra deve ser aplicada; opções adicionais são pares chave-valor,
utilizados para iniciar as propriedades do validador.
Existem três maneiras de especificar o Validador
em uma regra. Primeira, Validador
pode ser o nome de um método na classe do modelo, como o authenticate
no exemplo acima.
Nesse caso, o método validador deve ter a seguinte assinatura:
/**
* @param string o nome do atributo a ser validado
* @param array opções especificadas na regra de validação
*/
public function nomeDoValidador($atributo,$parametros) { ... }
Segunda, Validador
pode ser o nome de uma classe validadora. Dessa maneira, quando
a regra é aplicada, uma instância dessa classe será criada para efetuar a validação.
As opções adicionais na regra serão utilizadas para iniciar os valores dos atributos
da instância. Uma classe validadora deve estender a classe CValidator.
Terceira, Validador
pode ser um alias (apelido) predefinido para uma classe validadora.
No exemplo acima, o nome required
é um alias para a classe CRequiredValidator, a qual
valida se o valor do atributo não está vazio. Abaixo, temos uma lista completa dos
aliases (apelidos) predefinidos:
boolean
: alias para CBooleanValidator, garante que o valor de um atributo seja somente
CBooleanValidator::trueValue ou CBooleanValidator::falseValue.
captcha
: alias para CCapthcaValidator, garante que o atributo é igual ao código
de verificação exibido em um CAPTCHA.
compare
: alias para CCompareValidator, garante que o atributo é igual a outro
atributo ou a uma constante.
email
: alias para CEmailValidator, garante que o atributo é um endereço de email
válido.
default
: alias para CDefaultValueValidator, utilizado para atribuir um valor padrão
(default) aos atributos especificados.
exist
: alias para CExistValidator, garante que o valor do atributo existe na coluna
da tabela informada.
file
: alias para CFileValidator, garante que o atributo contém o nome de um arquivo
enviado via upload.
filter
: alias para CFilterValidator, modifica o atributo com um filtro.
in
: alias para CRangeValidator, garante que o dado informado está entre uma lista
específica de valores.
length
: alias para CStringValidator, garante que o tamanho do dado está dentro de
um tamanho específico.
match
: alias para CRegularExpressionValidator, garante que o dado informado
casa com um expressão regular.
numerical
: alias para CNumberValidator, garante que o dado informado é um número
válido.
required
: alias para CRequiredValidator, garante que o valor do atributo não está vazio.
type
: alias para CTypeValidator, garante que o atributo é de um tipo específico.
unique
: alias para CUniqueValidator, garante que o dado informado é único na coluna da
tabela do banco de dados informada.
url
: alias para CUrlValidator, garante que o dado informado é uma URL válida.
Abaixo listamos alguns exemplos da utilização de validadores predefinidos:
// username é obrigatório
array('username', 'required'),
// username deve ter entre 3 e 12 caracteres
array('username', 'length', 'min'=>3, 'max'=>12),
// quando estiver no cenário register, password deve ser igual password2
array('password', 'compare', 'compareAttribute'=>'password2', 'on'=>'register'),
// quando estiver no cenário login, password deve ser autenticado
array('password', 'authenticate', 'on'=>'login'),
Normalmente, depois que uma instância de um modelo é criada, precisamos popular seus atributos com as informações enviadas pelo usuário. Isso pode ser feito de uma maneira conveniente, utilizando a atribuição em massa, como pode ser visto no código abaixo:
$model=new LoginForm;
if(isset($_POST['LoginForm']))
$model->attributes=$_POST['LoginForm'];
A forma de atribuição utilizada no exemplo acima é chamada atribuição em massa.
Nela cada entrada em $_POST['LoginForm']
será atribuída ao atributo correspondente
no modelo ($model). Ela é equivalente a:
foreach($_POST['LoginForm'] as $name=>$value)
{
if($name é um atributo seguro)
$model->$name=$value;
}
É crucial determinar quais atributos são seguros. Por exemplo, se expormos a chave primária de uma tabela como um atributo seguro, um atacante terá a chance de modificar o valor da chave para um determinado registro e adulterar dados que ele não tem autorizaçao de modificação.
O política utilizada para decidir quais atributos são seguros ou não, foi alterada entre as versões 1.0 e 1.1. A seguir elas serão descritas separadamente:
Na versão 1.1, um atributo é considerado seguro se ele aparece em alguma das regras de validação aplicáveis para o dado cenário. Por exemplo:
array('username, password', 'required', 'on'=>'login, register'),
array('email', 'required', 'on'=>'register'),
No trecho de código acima, os atributos username
e password
são obrigatórios
no cenário login
, enquanto username
, password
e email
são obrigatórios no
cenário register
. Como resultado disso, se efetuarmos uma atribuição em massa
no cenário login
, somente os campos username
e password
serão atribuídos, uma
vez que somente eles possuem regras de validação nesse cenário. Por outro lado,
caso o cenário seja register
, todos os três campos serão atribuídos.
// no cenário login
$model=new User('login');
if(isset($_POST['User']))
$model->attributes=$_POST['User'];
// no cenário register
$model=new User('register');
if(isset($_POST['User']))
$model->attributes=$_POST['User'];
Então por que utilizamos essa política para determinar se um atributo é seguro ou não? A idéia por tras disso é, se um atributo já tem uma ou mais regras de validação para garantir seus valores, por que devemos nos preocupar com ele?
É importante lembrar que regras de validação são utilizadas para verificar dados inseridos pelo usuário e não dados gerados no código (ex.: timestamps, chaves primárias criadas automaticamente). Portanto, NÃO adicione regras para os atributos que não irão receber dados dos usuários.
As vezes, precisamos declarar um atributo como seguro sem que seja necessária
qualquer regra de validação para ele. Um exemplo para isso, seria um atributo para
armazenar o conteúdo de um artigo, que pode receber qualquer tipo de entrada de
um usuário. Nesse caso, podemos utilizar a regra especial chamada safe
:
array('conteudo', 'safe')
Além disso, também existe uma regra unsafe
, utilizada para declarar explicitamente
que um atributo não é seguro:
array('permission', 'unsafe')
A regra unsafe
raramente é utilizada e trata-se de uma excessão a regra para
atributos seguros.
Na versão 1.0, a tarefa de decidir se um dado é seguro ou não é baseada no valor de retorno do
método safeAttributes
e o cenário especificado. Por padrão, esse método
retorna todas as variáveis membro públicas como atributos seguros para a classe
CFormModel, ou todas as colunas de uma tabela, menos a chave primária, como atributos
para a classe CActiveRecord. Nós podemos sobrescrever este método para limitar esses
atributos seguros de acordo com os cenários. Por exemplo, um modelo usuário deve
conter vários atributos, mas no cenário login
, precisamos apenas do username
e do
password
. Podemos especificar esses limites da seguinte maneira:
public function safeAttributes()
{
return array(
parent::safeAttributes(),
'login' => 'username, password',
);
}
Mais precisamente, o valor de retorno do método safeAttributes
deve ter a seguinte
estrutura:
array(
// esses atributos podem ser atribuídos em massa em qualquer cenário
// isso não ser explicitamente especificado, como vemos abaixo
'attr1, attr2, ...',
*
// esses atributos só podem ser atribuídos em massa no cenário 1
'cenario1' => 'attr2, attr3, ...',
*
// esses atributos só podem ser atribuídos em massa no cenário 2
'cenario2' => 'attr1, attr3, ...',
)
Se os cenários não são importantes para o modelo, ou se todos os cenários tem o mesmo conjunto de atributos, o valor de retorno pode ser simplificado para um simples string:
'attr1, attr2, ...'
Para dados não seguros, devemos atribui-los individualmente aos atributos, como no exemplo a seguir:
$model->permission='admin';
$model->id=1;
Uma vez que o modelo foi preenchido com os dados enviados pelo usuário, podemos executar o método CModel::validate() para disparar o processo de validação. Esse método retorna uma valor indicando se a validação ocorreu com sucesso ou não. Para modelos utilizando CActiveRecord, a validação pode ser disparada automaticamente quando o método CActiveRecord::save() é executado.
Podemos configurar utilizando o cenário utilizando a propriedade scenario. O valor informado será utilizado para decidir quais regras de validação serão aplicadas.
Por exemplo, no cenário login
, queremos validar apenas as entradas para os
campos username
e password
; enquanto que, no cenário register
, precisamos
validar mais entradas, tais como email
, address
, etc. O exemplo a seguir
mostra como executar a validação no cenário register
:
// cria uma instância do modelo User no cenário register. É equivalente a:
// $model=new User;
// $model->scenario='register';
$model=new User('register');
// popula o modelo com as entradas do usuário
$model->attributes=$_POST['User'];
// executa a validação
if($model->validate()) // se as entradas são validas
...
else
...
Os cenários aplicáveis a uma regra pode ser especificados através da opção on
.
Caso ela não seja especificada, a regra será aplicada em todos os cenários. Por
exemplo:
public function rules()
{
return array(
array('username, password', 'required'),
array('password_repeat', 'required', 'on'=>'register'),
array('password', 'compare', 'on'=>'register'),
);
}
A primeira regra será aplicada para todos os cenários, enquanto
as outras duas serão aplicadas apenas no cenário register
Uma vez que a validação foi executada, qualquer erro encontrado será armazenado na instância do modelo. Podemos recuperar as mensagens de erro através dos métodos CModel::getErrors() e CModel::getError(). A diferença entre esses dois métodos é que o primeiro retorna todos os erros para o atributo especificado, enquando o segundo irá retornar apenas o primeiro erro.
Quando desenvolvemos um formulário, normalmente precisamos exibir um rótulo para cada campo. Esse rótulo indica ao usuário que tipo de informação espera-se que ele informe naquele campo. Embora podemos escrever esses rótulos diretamente na visão, seria mais flexível e conveniente poder especifica-los diretamente no modelo correspondente.
Por padrão, a classe CModel irá retornar o nome do atributo como seu rótulo. Essa característica pode ser alterada sobrescrevendo o método attributeLabels(). Como veremos nas subseções a seguir, especificando rótulos nos modelos nos permite criar formulários poderosos de uma maneira mais rápida.
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